sábado , 6 dezembro 2025
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Entre vulnerabilidade e esperança: o caminho de Gerson Machado, “o vaqueirinho” até o desfecho trágico

Antes do episódio que tirou sua vida, Gerson Machado, 19 anos, já carregava uma história marcada por extrema vulnerabilidade. Conhecido como “Vaqueirinho”, o jovem morreu após invadir a jaula de uma leoa em João Pessoa (PB), no último domingo (30/11). O caso trouxe à tona detalhes de sua difícil caminhada, relatados pela conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou o jovem durante oito anos e disse estar “arrasada”.

Ao Metrópoles, Verônica contou que Gerson cresceu sem apoio familiar e alimentava, desde cedo, o sonho de viajar à África para “domar leões” — algo que repetia com frequência nas conversas com o Conselho Tutelar. “Foi uma criança que sofreu todo tipo de violação de direito. Filho de uma mãe com esquizofrenia, com avós também comprometidos na saúde mental, vivia numa pobreza extrema”, relatou. Ela lembra que conheceu Gerson quando ele tinha apenas 10 anos, após ser encontrado sozinho andando em uma rodovia e levado pela PRF ao Conselho.

A mãe do jovem havia perdido o poder familiar há anos, mas isso não impedia Gerson de procurá-la. “Ele, embora estivesse destituído, amava a mãe e sonhava que ela conseguisse cuidar dele. Evadia do abrigo e ia direto para a casa da avó e da mãe”, contou Verônica. Porém, diante do transtorno mental, a mãe não conseguia assumir os cuidados. “Ela muitas vezes foi levá-lo ao conselho e dizia que não era mais mãe dele e queria devolvê-lo. Ela também é vítima da mente doente.” Entre os irmãos, Gerson foi o único que não conseguiu uma família adotiva. “Justamente por ter possível transtorno. A sociedade quer adotar crianças perfeitas, coisa impossível no acolhimento institucional, onde só chegam diante de negligência extrema”, completou a conselheira.

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